sexta-feira, 25 de abril de 2014

25 DE ABRIL SEMPRE!! DEU-ME O INÍCIO DA LIBERDADE E O FIM DE UMA GUERRA DANTESCA!

Capitão Salgueiro Maia

Preciso de o dizer e o repetir baixinho, de lentamente o repetir dentro de mim, baixinho e em presença dos meus sentidos, a fim de que tudo deixe de ser apenas um sonho e se transforme pouco a pouco em realidade. Sei que devo entrar de madrugada na cidade adormecida, contornar rotundas e passar os cruzamentos que me levam para o centro, e pensar que tudo o que está a acontecer-me vai a caminho da verdade, sob o imperativo de quem ordena e exige que chegue a hora de o tempo e o sonho serem só isso - tempo e sonho de um país que se perdeu de si e da sua vontade.
Os homens sob meu comando não são mais que sombras de si mesmos; a arma que empunham, um engenho fora de combate; os carros, uns modestos inventos nossos, brinquedos que todos, um dia, sonhámos - na memória daquelas guerras em que também eu fui um homem anterior, em tudo diferente de mim. O que sou agora é um exercício, uma parte experiente, um resumo do que outrora fui: o guerreiro tímido e assustado que no corpo traz o medo-sonho da missão noturna que os queridos companheiros me confiaram e que comigo discutiram e planearam com o secreto e devido pormenor. Tendo-me perguntado se queria livremente embarcar na noite temerária do golpe militar, eu de pronto lhes disse que sim, contassem comigo; para trabalhos, perigos e segredos em que nem eu neles acreditasse ou deles viesse a ter memória.
Eles assim fizeram. Vim à cidade para tomar a cidade. Visito ruas e casas para vigiar o sono, o silêncio, a tranquilidade das ruas e das casas. Ocuparei posições nos bairros antigos de Lisboa, cercando as ruas baixas que vão do Rossio ao movimento secreto dos barcos no rio; pelos vultos das sentinelas e pelos passos dos agentes duplos, irei até ao fundo da Grande Noite portuguesa que dura - disseram-me os mais velhos- há 48 anos soturnos, ao longo dos quais todos fomos sendo postos de parte, fora da vontade, da raiz, da moral e da história. Leia mais...Aqui

de João de Melo



(foto Google)

14 comentários:

  1. O título diz TUDO, Fatyly.
    E não pode ser esquecido NUNCA
    Beijinhos e votos de bfds!

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    1. É essa a minha visão sentida do fim de uma ditadura e há que continuar a viver o presente e assim enfrentar o futuro.

      Beijos e também para ti e todos os teus um Bom fim de semana!

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  2. Não se pode agradar a gregos e a troianos. Ainda bem que há sempre quem continue a preferir o Portugal pós-25 de Abril ao Portugal pré-25 de Abril. A mim sinceramente não me faz diferença porque, feliz ou infelizmente, já não vivo em Portugal, logo não tenho que levar com certas coisas más que procederam essa data. Cada vez corro mais o risco de me desligar de Portugal, o que não deixa de ser irónico para quem dantes se afirmava nacionalista...

    Beijnhos e bom fim-de-semana!

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    1. E se Deus quiser ainda hei-de ler muita coisa tua ou falarmos pessoalmente para ver que "tudo e todos mudam ao longo do tempo"! Nunca fui nem sou de criticar ou condenar quem muda de opinião, o que me interessa mais é a sinceridade e honestidade naquilo que somos, naquilo que fazemos, naquilo que eventualmente possamos criticar e esta sempre na base de uma construção sólida e digna e não de uma "bota abaixo"!

      Beijos

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  3. A visita é para lhe desejar um feliz dia e um bom fim de semana e ainda para reafirmar os votos de que o nosso país recupere a dignidade que este Governo nos tirou e que faça retornar os que partiram em busca de uma vida melhor. Já não serei eu certamente a usufruir dela, mas luto para que todos os filhos e netos que partiram possam viver e crescer no Portugal onde nasceram.
    Um beijinho
    Teresa

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    1. Não sei se retornarão, porque os da demandada de 80 a 86 não voltaram e os que voltaram hoje estão a usufruir da sua reforma vinda dos países para onde foram, mas filhos e netos não vieram.

      Este Governo foi a cereja em cima do bolo e não nos esqueçamos do que Cavaco Silva e seguintes fizeram como 1º. Ministros.

      É tão fácil destruir um país, mas reconstruir é imensamente mais lento e agora já começaram com as promessas eleitoralistas porque se aproximam eleições. Todos irão votar? Não acredito.

      Beijos

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  4. Este sim!
    Um verdadeiro Senhor!
    25 de Abril sempre!
    Beijocas

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    1. Foi sim senhor e quando estes "putos do governo" pensaram em trasladar os seus restos mortais para o Panteão numa de "parece bem"...Salgueiro Maia deixou escrito que queria ser enterrado onde foi e de lá nunca o tirassem.
      Para mim foi e é o rosto de Abril e pelas razões que digo no título grito SEMPRE e SEMPRE!

      Beijos

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  5. Coloquemos a pessoa de Salgueiro Maia fora do que vou dizer. Assim, não sai beliscado.

    Já disse mais que uma vez e publicamente que fui sempre mais bem tratado antes do 25 de Abril do que depois.
    Até então, nunca me incomodaram, sempre me trataram com respeito e eu 'pagava na mesma moeda', sem servilismos nem subserviências.
    Depois, alguns meses depois, o controlo da situação foi-se perdendo. E a coisa deu para o torto.

    Festejei o 25 de 74, fui para a rua, vibrar, cantar, etc.
    Estive no 1º de Maio de 74, o único em que a unidade entre o povo existiu verdadeiramente.

    Com o tempo foi-se desvanecendo o 'pode ser que', a 'possibilidade de' e outras esperanças.
    Hoje, estamos como sabemos.

    Não consigo celebrar Abril.

    Que me desculpem os bem intencionados, os crentes. Não sou capaz porque a alegria do que podia ter sido mas nao foi desapareceu.

    Não vais refilar comigo. Vais fazer o favor de tentar compreender-me.
    Beijocas.

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    1. Claro que te compreendo amigo e respeito em absoluto e julgas que fui festejar para as hipócritas "festarolas" de câmaras endividadas até ao tutano? Ainda agora choveram cravos sobre o Terreiro do Paço. Como é que é??? Dois helicópteros e 30.000 cravos em quanto irá ficar???
      Ver PPC no parlamento com cara de "xanax" de cravo na lapela????? Valha-me Santa Quitéria...que vontade...
      Eu refilo sim, mas contra quem há décadas tem destruído o país e se governado à nossa custa.

      Beijos
      Mas nós pagamos tudo

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  6. Gostei muito de ler. Permita-me, Fatyly, que destaque estas simples palavras, que se analisarmos bem nada têm de simples:
    "e a ninguém saudarei pelo caminho até estar certo de o fazer com a dignidade que passa do vencedor ao vencido."

    Tenha um excelente feriado :)

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    1. Era um homem cumpridor com os seus objectivos, honesto e apesar da tarefa árdua que teve...nestas palavras diz tudo. Também detestava protagonismos e sobretudo holofotes...ao contrário de alguns superiores deles na época.

      Beijos

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  7. Boa noite amiga, faz-me um pouco de impressão, (como se diz aqui no meu pequeno burgo), ver, ou ler pessoas a criticar o 25 de abril, como se fosse a data em questão culpada de tudo o que aconteceu pós 25 de abril. As pessoas que o fizeram não são culpadas do que está esteve e vai estar por muitos e bons anos. Enfim, eu não sou assim velho para me lembrar o antes, nem muito novo para dizer que antes era melhor, mas tenho amigos que foram presos por gritar viva a liberdade quando acabou a 2º grande guerra, tenho muitos conhecidos que foram presos por estarem a lerem livros, tenho muitas pessoas na família que foram presas por refilarem, terem outra opinião, um grande amigo por fazer uma caricatura, ( está bem era de um padre) e muitas mas muitas outras coisas que nem lembra ao diabo.


    Isso de tirar o capote só porque não é connosco não é argumento algum, se o semelhante sofre injustiça eu também sofro, só assim tudo será mais justo e juntos, eu e o meu semelhante seremos mais livres.


    Aquele abraço fraterno amiga e desculpa qualquer coisinha,


    ah, são os mesmos do antes do 25 de abril que nos desgovernam, só, que agora, é pela calada...

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    1. Obrigado meu amigo pelas tuas palavras e é isso mesmo. Já nos conhecemos há anos e és e sempre foste igual a ti próprio pela verticalidade que sempre fez de ti o homem que luta e se indigna pelas desigualdades, injustiças e pelo "pagode" em que há anos e anos foi prática dos políticos.

      Gostei muito de te ler e assim que puder...falaremos melhor:):)

      Beijos

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